quarta-feira, dezembro 21, 2005

Pacíficos Silêncios

Redemoinham silêncios de todas as ordens. O entorno é claro e frio e limpo. A casa, vazia. Porque não estás e por tantos outros nãos que não quero explicar, sobram os olhos cinzas-Pacífico de teu cão. Pacífico, sim, como o oceano cinzento no qual catei um dia uma pedra branca angular e fundamental feito a saudade que me moveu e me move. Pacíficos cinzas, tem teu cão. Os olhos de uma parcimônia infinita em evocar rumores, apenas acolhem os meus. Cão chora? Acho que não. O focinho é gelado quando esfrego o meu, a ponta ainda acesa. Será que cão percebe quando o nariz da gente está vermelho e quente e por isso tenta ficar perto, desse jeito de gente que sabe que basta encostar bem para a dor passar? Cão talvez chore um aguaceiro por dentro, quando não estamos, imaginando que possamos precisar de seu conforto de veludo cinzento.

Não fala o silêncio da casa de qualquer ausência. (Silêncio é sempre tempo de outras escutas)Torvelinham, isso sim, as vozes que nunca calam. Benditas vozes. Bem-vindas, vozes da Vida. Povoem de suas presenças este tempo de esperas e desejos de outras felicidades.

3 comentários:

Lu disse...

Tuas vozes povoam minha vida, minha Lia. Ler tuas entranhas é uma viagem muito fascinante que não abro mão, por nada!

O cão talvez chore por dentro,tal como nós, tal como nós.

Beijos

Lua em Libra disse...

Lu, minha Lu

Chorem os cães, as pedras, as ausências de todos os quilates. Que as nossas próprias lágrimas em 2006 sejam abençoadas e nos transformem sempre em seres melhores, mais plenos e mais íntegros.

Beijo na alma

Lia

Warum Nicht? disse...

ah, se soubessemos ser tão espertos como os cães.