quarta-feira, dezembro 07, 2005

Para o ano vindouro

Não quero a complacência das cores pastel.
Não me dê a veemência das certezas
que não confortam em nada,
apenas anestesiam a vontade
que o medo empresta às pernas.
Não quero o apoio das redes.
Permita-me cair até as profundezas
intragáveis de mim.
Não me tire as sombras
de baixo da cama.
Deixe entre as paredes, os esqueletos
não corrompidos pela chuva diuturna.
O que quero, mesmo,
é o medo.
Não me desfaça do segredo
que o tempo não conta.
Não sinto por mim, mas pela ânsia
que a vida me empresta.
Não me tome dela, por favor.
Não me tome dela.

Um comentário:

Ricardo disse...

Sem palavras... MUITO BOM...OPS