sexta-feira, janeiro 18, 2008

Nas torres da alfândega

Nunca tive as imunidades
necessárias para transpor
fronteiras: contrabandeio idéias.

Sempre faltou uma marca
que ainda não houvera sido feita.
E tive medo, todas as vezes
quando a procuraram.

Bem cedo tentaram forjá-la,
riscá-la sem fogo mas com força
nas peles de dentro para fora:
sou tão ruim que nem
cicatrizes crio, me diziam.

Hoje aceno aos guardas
porque permitem-me
as passagens. Não carreio
pestes: sou outro tipo
de clandestina.
(imagem: Ponte sobre o Rio Jaguarão. Desconheço o autor, repassada pela Márcia Rockett)

6 comentários:

Cláudio B. Carlos disse...

Cecilia!
Excelente poema!
Beijos,
*CC*

Mara faturi disse...

oi "clandestina",
lindo poema...
eu? aproveitando as férias e navegando por mares poéticos de areias cor-de-rosa,
bjo!

douglas D. disse...

poema que rasga as entranhas
e cicatriza o silêncio.

Anônimo disse...

sobre cantiga para o recomeço e nas torres da alfândega decerto que me seriam abundantes as palavras, mas contento-me em te dizer de minha imensa alegria em vir aqui e encontrar a lua em libra calibrada de literatura. 1 bj.

meriam disse...

Lindo poema. Forte. Linda foto. Grata pela visita. Hoje coloquei uma foto do Guaiba no blog, num poema amanhecido...
Abraço e boa noite,
Meriam

Edilson Pantoja disse...

Todos temos nossos momentos de parada e retomada do caminho - que, a rigor, não cessa de ser trilhado, Cecilia. O poema é belo!
Abraço!